JUSTIFICATIVA:
Daniela Aprá, exemplo de coragem e amor à vida
Daniela Cerávolo Aprá, a Dany, nasceu em São Paulo em 20/09/1972, e, aos dois anos, veio para Sorocaba com a família, o pai Ricardo, a mãe Nancy e os irmãos Vanessa e Renato. Em 1974, Ricardo, engenheiro e empreendedor, então presidente da estadunidense Andrew, optou por instalar uma unidade da empresa em Sorocaba, daí ocorrendo a transferência de toda a família para cá.
Tendo estudado nos colégios Véritas, OSE e Anglo, Dany se formou em Relações Públicas na PUC de Campinas. Sempre alegre, comunicativa e solícita, descobriu que estava com leucemia em 2007, iniciando então uma batalha pela vida, sem, em qualquer momento, esmorecer, ao contrário, renovando a esperança e o amor pela vida a cada procedimento para tentar debelar a doença. Foram vários períodos de internação para tratamento, com duração de quatro a seis meses cada, e quatro tentativas de transplante de medula óssea, a última neste ano de 2021. Infelizmente, não deu certo.
Tomando ciência de seu caso e a sua complexidade, Dany passou a participar de ações relativas à doença, como em campanha de doação de sangue, juntamente com a TV Tem, e divulgar a atuação do Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome). Com o Redome e o Hemonúcleo de Sorocaba, em 2008 organizou uma grande campanha na cidade de Sorocaba, que mobilizou a população para o cadastro de doadores voluntários de medula óssea.
Batalha incessante pela vida
Quando se perde uma pessoa querida por doença, é comum que se escute, de quem nos deseja confortar, que a pessoa descansou. Ainda mais sobre quem lutou contra o câncer. Mas, no caso da Dany, esse consolo não contempla sua história. Não porque não tenha sofrido ou que não tenha chegado ao limite físico do seu corpo, mas porque o foco dela era tão firme e único na cura, que se dispunha a passar o que fosse preciso para se curar. Ela estava comprometida com as camadas mais íntimas do seu ser em não desistir. Por isso, descansar não combina com a Dany. Ela sempre se mostrou incansável pela vida.
Nunca foi simples ou fácil lidar com a leucemia. Entre 2007 e 2021, por quatro momentos houve muita luta entre meses de internações, tratamentos invasivos, procura por doador, quatro transplantes de medula óssea, intercorrências e restabelecimento. E tudo que ela teve que passar foi se concentrando em que isso traria a sua saúde de volta e não se lastimando pelas dores e sofrimentos. O cabelo que perdia e outras manifestações do tratamento em seu corpo, Dany tirava de letra.
A cada recuperação vinha a alegria de estar curada e a esperança de toda dor ter ficado no passado, e dali para frente seria só alegria. A doença traiu os prognósticos e voltou a ameaçá-la, uma, duas, três vezes... Mas ela reagiu como sempre: disposta a lutar, sem titubear, com pressa de tocar em frente. Um desavisado ao encontrá-la com saúde nunca imaginaria o que ela já tinha passado.
A doença e os tratamentos nunca foram assuntos para ela, o que ela gostava era de aproveitar o presente. Assim, nunca foi dada a discursar sobre a vida ou a doença, sua sabedoria era professada na prática. Ela sempre soube desfrutar a singeleza do dia a dia, a presença da família, a leveza dos encontros, a beleza da natureza. Conviver com a Dany era ter uma aula presencial sobre a ordem das grandezas da vida: que estar vivo é uma dádiva e tudo o mais, vem depois. Ela também nos ensinou a lutar até o fim e nas situações difíceis se recolher, mas não deixar o desespero tomar conta. Existia muita força interna para não se render ao cansaço e pessimismo, um mérito sem tamanho, mas é justo dizer que ela nunca esteve só em sua luta.
Ao olhar pra frente estava sua maior motivação para viver: a sua filha Manu. Ao seu lado estava uma mãe fortaleza, Nancy, companheira de todos os minutos. Na retaguarda recebia o carinho da irmã Vanessa e toda a sua dedicação com a Manu, o maior tesouro da Dany e de toda família. Sempre presente, mesmo com eventual distância, esteve seu irmão Renato, que coroou a forte conexão que existia entre eles, sendo o doador de medula nos últimos transplantes.
A partir de 2013 houve também o Zé Guilherme, o Meme, um companheiro apaixonado, que trazia muita fé e alegria, mesmo nos momentos mais difíceis e tristes. Tiveram todos os outros familiares, os amigos e um sem número de pessoas orando, vibrando e desejando o restabelecimento de sua saúde. E não havia de ser diferente - ela era amada e admirada por sua natureza gentil, amorosa e simpática, além de ser uma ótima companhia. Não houve papel que não tenha cumprido com maestria: filha, mãe, irmã, companheira, amiga, nora, cunhada.
A partida da Dany deixa uma saudade sem fim e também um grande exemplo de luta, valentia, autocontrole, foco e amor pela vida. Quem teve a honra em tê-la por perto só pode ser cheio de gratidão por tantos exemplos de sabedoria e generosidade, vindo de alguém tão jovem, que foi embora cedo demais. Em resumo, ela nos ensinou que sempre há escolhas, até nos momentos mais difíceis.
Dany faleceu no dia 12 de fevereiro de 2021, indo para uma outra dimensão, carregando a sua leveza e a sua energia positiva. Nesse lugar, com certeza, já contagiou a todos com sua imensa alegria. A nós, restam as saudades e a lembrança de seu sorriso contagiante, de um ser de espírito forte e luminoso!
Ante o exposto, conto com a colaboração dos Nobres Pares na aprovação deste Projeto de Lei, que concede merecida homenagem à essa amada filha de Sorocaba.